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sexta-feira, 25 de maio de 2012

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@mor por Daniel Glattauer

Num e-mail enviado por engano, começa um relacionamento virtual que testa as convicções de Leo Leike e Emmi Rothner. Leo Leike, ainda digerindo o fracasso de seu último relacionamento, responde de forma espirituosa a duas mensagens enviadas por engano por Emmi Rothner, casada. Inicialmente, ela só queria cancelar uma assinatura de revista. Depois, inclui Leo por engano entre os destinatários de um e-mail de boas festas. Na terceira troca de e-mails, o mal-entendido dá lugar à atração mútua, reforçada pelo fato de um nunca ter visto o outro. Nada como a curiosidade instigada por frases bem encadeadas chegando a intervalos regulares numa caixa postal eletrônica para que os dois se esqueçam dos possíveis impedimentos. 

Autor: Daniel Gattauer
Editora: Suma de Letras
ISBN: 9788581050669
Páginas: 184
Nota: 

Você pode até ter "não" como primeiro resposta, mas láááá no fundo, sabe que as capas dos livros lhe influenciam - nem que seja por um primeiro momento. Perdi as contas de quantas pessoas me perguntaram se @mor, do austríaco Daniel Glattauer, era um livro de auto ajuda. A capa não dá informações, o título não é revelador. Sem saber muito sobre a história, você abre o livro e: boom! Entrou numa caixa de entrada cheia de romance e surpresas. Quem achou que era mais um livro de auto-ajuda sem graça, se enganou completamente.

Emmi queria cancelar a assinatura da revista Like, mas por pressa escreveu Leike, e o email foi parar na caixa de entrada de Leo. Engano resolvido, meses depois ela envia um email coletivo de felicitações. Num momento decisivo para Leo, aquele "Feliz Natal e Próspero Ano Novo" é como se o mandasse desistir de sua vida. A partir daí, começa um relacionamento baseado somente em palavras na tela do computador. Um relacionamento que vai crescendo, que tem falhas, que não tem rostos, mas tem almas. 

Já dizia Pitágoras que "As palavras são os suspiros da alma", e isso se encaixa como uma luva em @mor. O romance é em emails, apenas um conjunto de letras que transcrevem tudo que os personagens estão sentindo - ou, ao menos, o que querem dividir. A liberdade na internet é (quase) ilimitada, existe espaço para quem quiser ser perfeito, para contar sua vida e manter seus segredos. Você escolhe confiar - mas no final, tudo vai se basear no @mor!

A característica mais marcante, tanto de Emmi como de Leo, é sua humanidade: errar e acertar, sonhar e se deixar levar por um mundo novo composto por pixels. Ao mesmo tempo, eles tem uma vida off line. Trabalham, saem, Emmi é casada e tem dois filhos. Eles se irritam, são espirituosos e fazem piadas infelizes. Tem ideias precipitadas, respostas agressivas e impaciência. Eles se apaixonam.

Como o livro é inteiro em emails, a leitura é mais rápida e dinâmica. Junto dos personagens, o leitor pode acompanhar o desenrolar e o inicio da "intimidade": a substituição de assinaturas cordiais pelo nome, assuntos em branco, emails sem nenhuma razão - apenas a vontade de ler o que o outro vai escrever. Eu li o livro em dois dias (lembre-se que estou de prova e meu tempo é limitado) e fiquei extremamente frustrada. A continuação? Com sorte, a editora trará ainda esse ano. 

Em momento algum, eu esperei gostar e me envolver com Emmi e Leo do jeito que foi. @mor é uma história tão real que você se pergunta quantas pessoas à sua volta já vivenciaram algo semelhante. Um email pode mudar uma pessoa quase tanto como um livro. Em era digital, seu melhor amigo pode conhecer você mais pelas palavras digitadas do que pelo seu rosto. Um livro lindo e frustrante, recomendo.
Bjs,

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